Desde o começo do mês o preço da saca subiu quase 9% e cotação está perto das máximas históricas no Estado.

O preço do milho subiu até 8,8% nos primeiros dez dias de março em Mato Grosso do Sul e a saca já está sendo comercializada por até R$ 75,00, com perspectivas de chegar a R$ 80,00 nos próximos dias, segundo o corretor Carlos Ronaldo Dávalo. Com isso, a probabilidade de queda no preço dos alimentos está cada vez mais longe.
“O milho é o principal componente na cadeia de produção de suínos, aves, ovos, leite e nos últimos anos também na carne bovina. Então, enquanto o milho estiver caro, a tendência é de que o preço dos alimentos continue em alta”, explica Carlos Dávalo.
A isenção de imposto sobre a importação de milho decretada pelo Governo Federal, explica ele, não trará reflexo prático algum, pelo menos por enquanto.
Se for importar da Argentina, por exemplo, a tonelada chega a Porto Murtinho, pela hidrovia do Rio Paraguai, por 280 dólares a tonelada, de acordo com Carlos Dávalo. Isso significa mais de R$ 90,00 a saca, o que é bem mais que a cotação local.
Na comparação com igual período do ano passado, o preço médio do milho em Mato Grosso do Sul, de R$ 72,00, está 55% maior agora, conforme o boletim semanal divulgado nesta terça-feira (11) pela Aprosoja.
“Esses preços podem ser considerados históricos. Há cerca de três anos tivemos preços parecidos, na casa dos R$ 80,00, mas é um valor muito bom para o produtor e muito poucas vezes vimos algo parecido”, explica Carlos Dávalo.
E por conta disso, o plantio do chamado milho safrinha está sendo bem maior que o inicialmente previsto. A Famasul estima 2,1 milhões de hectares. Porém, conforme o corretor, os dados atualizados já confirmam que serão 2,3 milhões de hectares e a expectativa é de que a área alcance 2,5 milhões de hectares.
Com isso, o volume produzido, que estava sendo projetado em 10 milhões de toneladas, deve chegar perto de 14 milhões de toneladas, igualando a produção da safrinha de 2023, acredita o analista de mercado. No ano passado, por conta da estiagem, ocorreu recuo de 34% e a produção ficou em apenas 9,28 milhões de toneladas.
Segundo Carlos Ronaldo, a disparada recente nos preços está sendo motivada principalmente pela forte demanda dos criadores de gado confinado. No primeiro bimestre do ano, foram abatidos 730 mil bovinos no Estado.
Esse número é 21% maior do que a média de animais abatidos nos últimos cinco anos e 9% superior ao mesmo período de 2024. Somente em 2014 abateu-se mais animais no primeiro bimestre do que em 2025, cerca de 8% a mais do que o ano atual. Mas, a tendência a partir de agora é de recuo nestes abates.
ACIMA DO PREVISTO
Mas, apesar da provável retração na demanda, contratos de venda futura de milho, para julho, quando começa a colheita do milho safrinha, ainda estão com os preços elevados.
As vendas, que já chegaram a 17% da próxima safra, estão sendo fechados por até R$ 60,00 a saca, o que, segundo Carlos Ronaldo, é um valor muito bom e por isso muitos produtores estão mudando de planos e ampliado sua área plantada.
“Viajei hoje de Campo Grande a Ponta Porã e o que mais se vê são lavouras de milho e a perspetiva é de safra boa. O período ideal para o plantio acaba dia 15 de março, mas acredito que muita gente vai continuar plantando depois disso por conta dos preços atrativos”, aposta Carlos Ronaldo.
Ele acredita em uma queda nas cotações para as próximas semanas por conta de uma possível redução na demanda dos pecuaristas, já que a arroba do boi começou a dar sinais de que deve recuar.
Atualmente Mato Grosso do Sul consome em torno de 8 milhões de toneladas de milho por ano, sendo em torno de cinco milhões somente por parte das indústrias que produzem etanol a partir do grão.
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