O endividamento e a alta de juros para renegociação de dívidas agrícolas estão entre algumas queixas.
Endividamento e a alta de juros para renegociação são algumas queixas, mas o aumento nos custos de produção, variação nos preços de comercialização e baixa produtividade contribuíram para gerar sérios prejuízos.
Na noite desta quinta-feira (12), produtores rurais e lideranças de Maracaju, representantes do Sindicato Rural, de Cooperativas, da Famasul, Aprosoja e de empresas do setor estiveram reunidos na MS Integração para uma reunião de discussão e avaliação sobre o momento vivido na agricultura atualmente.
O endividamento e a alta de juros para renegociação de dívidas agrícolas estão entre algumas queixas. Porém, fatores como o aumento nos custos de produção, variação nos preços de comercialização e baixas produtividades contribuíram para gerar sérios prejuízos.
A reunião foi solicitada pelo empresário e produtor rural Valdenir Portela que, preocupado com a situação, buscou reunir várias lideranças do setor para discutir a situação atual. “A gente se vê num momento de crise na agricultura, com endividamento e renegociação nos bancos. Precisamos de um olhar dos governos para minimizar esses impactos e viabilizar a produção”, defendeu Portela.
Dados preliminares
Na semana passada, a Aprosoja/MS e a Famasul apresentaram ao Governo do Estado os dados preliminares da Safra de Milho/2024 em Mato Grosso do Sul e apontaram que esta é a terceira pior safra dos últimos 10 anos. Os representantes destas entidades demostraram preocupação em relação aos resultados obtidos e ao início do plantio da soja.
O clima adverso impactou em 819 mil hectares no estado. Os períodos de seca ocorreram inicialmente entre março e abril, com duração de 10 a 30 dias de estresse hídrico. Mais recentemente, entre abril e julho, o estado enfrentou um total de 90 dias sem chuva. A região norte do estado está há mais de 100 dias sem precipitação considerável.
O relatório da Safra de Milho apresenta uma queda de quase 35% na produção em comparação à safra passada, com 9,2 milhões de toneladas. A produtividade fechou em 69,77 sacas/ha, queda de 30% no comparativo com o ciclo anterior.
A MS Integração apresentou um relatório a partir de dados do projeto SIGA-MS, Famasul, Aprosoja/MS, Embrapa, e com dados próprios da empresa, tanto para a soja quanto para o milho e mostra um cenário de perdas por região.
Os dados foram agrupados em dois triênios: O 1º triênio que compreende a Safra 2018/19 até a Safra 2020/21 e; o 2º triênio, que compreende a Safra 2021/22 até a Safra 2023/24.
A empresa apontou que o Norte de Mato Grosso do Sul e o Centro foram regiões menos afetadas, pela estabilidade e melhor desempenho geral.
Já o Sul, em contrapartida, enfrentou uma queda substancial nos últimos três anos de 13,8 sc/ha na produtividade da soja, indicando uma grande instabilidade e desafios significativos para a região.
Custos de Produção
O custo da soja elevou-se em 60,43% no 2º triênio, enquanto o milho safrinha apresentou acréscimo de mais de 160,6% no seu custo de produção, conforme dados da Aprosoja, e isso sem considerar as despesas adicionais como gastos com arrendamento que, na soja, podem variar de 10 a 20 sc/ha no Mato Grosso do Sul. No milho safrinha, os gastos com arrendamento chegam até 10 sc/ha.
Além disso, não foram considerados a amortização dos investimentos em abertura de áreas e infraestrutura. Ainda tem os juros associados à estes investimentos, o aumento no valor da contratação do seguro agrícola, das taxas de juros de custeio e o pró-labore dos produtores, que também precisam ser incluídos na listagem geral.
Para o relatório da MS Integração, esses fatores adicionais indicam que os custos reais de produção podem ser ainda maiores do que os números apresentados, sugerindo uma situação mais agravada para os produtores rurais nesse momento.
O Diretor Executivo da MS Integração, Roney Pedroso, destacou que esses desafios evidenciam a necessidade urgente de se desenvolver e implementar estratégias mais eficazes para lidar com os crescentes custos de produção e melhorar a sustentabilidade financeira do setor.
Medidas
Na reunião realizada ontem, os produtores de Maracaju decidiram criar uma comissão que ficará responsável em avaliar junto à classe produtora todo o cenário e apresentar a problemática para os governos, a fim de buscar, junto a entidades como a Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), medidas que possam mitigar esses prejuízos.
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