"As chuvas vem sendo o principal fator de risco para a lavoura de milho, atrasando a colheita da safra de verão, e diminuindo a janela de plantio para o milho segunda safra"
O atraso no plantio do milho safrinha, devido à colheita tardia da soja, cultura que antecede o cereal no ciclo, e as chuvas, que impediram que o produtores conseguissem plantar na janela ideal, podem comprometer a safra 2017/2018 dessa cultura.
"As chuvas vem sendo o principal fator de risco para a lavoura de milho, atrasando a colheita da safra de verão, e diminuindo a janela de plantio para o milho segunda safra", avalia o Diretor-Geral da Associação Nacional dos Exportadores de Cereais (Anec) e Associação Nacional dos Exportadores de Algodão (Anea), Sérgio Mendes.
Segundo o executivo, as perdas na safra deverão resultar em uma pequena elevação dos preços do milho, principalmente no segundo semestre, dificultando um pouco a comercialização da safra junto ao produtor que optar por segurar seu produto a fim de obter uma melhor remuneração.
"Com isso, o produtor pisa no freio e investe menos em insumos e em tecnologia, o que aponta para uma produtividade menor", acrescenta.
Porém, na avaliação de Mendes, o cenário ainda não é tão alarmante em relação à falta do produto. "A safra de milho deve sofrer perdas na ordem de 10 milhões de toneladas, mas o mercado está bem abastecido com os estoques de passagem da safra de 2017", explica.
OUTRAS CULTURAS
O diretor da Anec e Anea informa que as estimativas para a safra 2017/2018 são bastante positivas, com perspectiva de aumento na produção de soja e algodão. Segundo ele, diversos fatores contribuíram para os ganhos de produtividade observados na última safra.
"Cabe destacar o desenvolvimento de variedades de sementes com elevado teto de produtividade, o aperfeiçoamento das práticas de plantio e manejo do solo, maior capacidade de investimento em defensivos e fertilizantes, além do fator clima, que foi fundamental na última safra", destaca Mendes.
De acordo com a previsão da Anec, das 117,5 milhões de toneladas de soja colhidas este ano, cerca de 70 milhões de toneladas devem ser exportadas.
"No mercado de farelo de soja, os Estados Unidos deverão ser o principal responsável por abastecer o vazio deixado por nossos vizinhos, por possuírem uma indústria de esmagamento mais competitiva do que a nossa", avalia o executivo, acrescentando que, em contra partida, isso poderá resultar em um maior espaço para as exportações de grão de soja pelo Brasil.
Em relação ao algodão, está prevista uma safra recorde no Estado de Mato Grosso, porém não será uma safra recorde no Brasil, que já chegou a plantar 1,45 milhão de toneladas na safra de 2010/2011, quando bateu o recorde. "Este ano deve devem ser plantados 1,33 milhão", diz.
"Os produtores mudaram pacotes de tecnologias produtividades e houve um crescimento de 20% da safra 2016/2017 comparada à safra anterior, devido à rentabilidade.
Para a safra 2017/2018, o cenário positivo deve permanecer e boa parte do que está sendo plantado agora já foi vendido a bons preços", informa o sócio diretor da Agroconsult, André Pessôa.
"Se a produtividade se repetir haverá novo impulso, com reflexo ampliação da área. Se a tendência continuar em dois ou três anos, repetiremos a safra recorde de 2010/2011", acredita.
PARCERIA
O diretor da Anec e Anea destaca também o sucesso da parceria das entidades com a Agroconsult, que já dura sete anos.
"É notável a evolução do trabalho da equipe do Rally da Safra, desde então, tendo a cada ano mostrado elevados índice de assertividade, tanto nas previsões de produção, quanto nas análises do comportamento de mercado", comemora Mendes.
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