Cerca de 200 pessoas participaram do evento, que encerra as comemorações dos 40 anos de criação dos refúgios e reservas da Itaipu Binacional.



Refúgio Maracaju tem passeio ciclístico binacional
Cerca de 200 pessoas participaram do evento, que encerra as comemorações dos 40 anos de criação dos refúgios e reservas da Itaipu Binacional. / Foto: Sara Cheida / Edison Poier / Itaipu Binaciona

No sábado (26), cerca de 200 brasileiros e paraguaios pedalaram 17 km pelo Refúgio Biológico Binacional Maracaju, localizado na divisa entre as cidades de Mundo Novo (MS) e Salto del Guairá (PY). O evento encerrou as comemorações dos 40 anos de criação dos refúgios da Itaipu Binacional – além do Maracaju, os refúgios de Santa Helena (PR) e o Refúgio Bela Vista, em Foz do Iguaçu (PR) também foram abertos para ciclistas de várias idades, em setembro e outubro.

“Abrir os refúgios para a comunidade trilhar caminhos que geralmente não são abertos aos visitantes é uma forma de promover a educação ambiental de forma orgânica, através da vivência”, avaliou Veridiana Pereira, gerente da Divisão de Áreas Protegidas da Itaipu. “E receber os ciclistas é ainda mais especial, por ser um público que aprecia muito o contato com a natureza”.

Com 1.356 hectares de vegetação nativa onde antes havia várias fazendas de gado e praticamente nenhuma cobertura vegetal, o local é reconhecido por ser um grande laboratório de restauração. Está localizado próximo ao Parque Nacional de Ilha Grande, considerado berçário de fauna, por isso espécies da avifauna circulam com frequência entre as áreas, promovendo a diversidade genética.

Segundo Veridiana, na época de regeneração florestal, o local passou por vários incêndios, e houve necessidade de recomeçar o reflorestamento praticamente do zero. “Após tantos desafios, ver a biodiversidade pulsando no Maracaju é impressionante, e é isso o que quisemos compartilhar com a comunidade, abrindo as portas para receber os ciclistas”.

Cura pelo pedal

Darci Leonardo Hassemer, 62, foi um dos participantes do passeio. Ele começou a pedalar há cinco anos, buscando qualidade de vida. “Faço hemodiálise, e pedalar tem ajudado a melhorar minha saúde, tem aliviado o desgaste do meu corpo pelo tratamento que enfrento. Hoje chego a pedalar até 60 km, em ciclovias pela minha cidade, Pato Bragado, e cidades próximas. Estar aqui hoje, tão imerso na natureza, me fez sentir ainda melhor, fico muito agradecido pela oportunidade”.

Liziane Kadine, da Divisão de Áreas Protegidas da Itapu, que coordenou o evento do Maracaju, comemora: “É exatamente para isso que quisemos promover essa interação entre a comunidade e o refúgio. É uma forma de trazer as pessoas para se relacionarem com o meio de uma forma mais intensa, se envolverem mais com a natureza”.

O jovem Rodrigo Ledesma, 13, natural de Salto del Guairá (PY), ficou contente com a medalha de participação, mas encontrou um desafio maior do que imaginava. “Achei bonito, mas me cansou muito. Sinceramente, pensei que a trilha seria mais fácil, porque estou acostumado a andar na cidade. Na próxima vez, preciso me preparar mais”.

Ciclista octogenário

O ciclista mais idoso a participar do passeio foi Manuel Nunes Lourenço, de 86 anos. Ele é natural de Portugal e participa do grupo MTB Guaíra, de mountain bike (modalidade de ciclismo em terrenos irregulares). Apesar de começar a pedalar tardiamente, aos 65, desde então já percorreu cinco vezes o caminho de Santiago de Compostela e a Cordilheira dos Andes, no Chile e na Argentina. Apesar de viver em Guaíra, o passeio ciclístico da Itaipu foi a primeira vez em que ele esteve no Refúgio Maracaju. “A trilha foi muito interessante, afinal, a natureza é fantástica. Achei um pouco difícil, mas aguentei firme, não desci da bicicleta em lugar nenhum, mesmo nas subidas. Se tiver de novo, com certeza farei”, disse.

Refúgio Maracaju tem passeio ciclístico binacional
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