Entenda o porquê do sorotipo 3 ser o mais preocupante da doença.

Registros de casos de dengue tipo 3 acendem alerta em MS
/ Foto: Reprodução

Casos de dengue sorotipo 3 (DENV-3) foram registrados em 15 municípios de Mato Grosso do Sul, e acenderam um alerta das autoridades de saúde, já que em muitas localidades tal variante não era registrada há décadas.

Em Campo Grande, por exemplo, o último registro de circulação da DENV-3 havia ocorrido em 2007. Isso significa que grande parte da população, especialmente os mais jovens, nunca teve contato com este vírus.

O primeiro caso de dengue tipo 3 na capital foi confirmado pela Secretaria Municipal de Saúde de Campo Grande (Sesau). A paciente é uma mulher de 35 anos, que apresentou os primeiros sintomas no dia 23 de janeiro.

“Por isso, é crucial seguir todas as orientações que estamos passando. Tire pelo menos 10 minutos do seu dia para limpar o seu quintal”, reforçou a secretária municipal de Saúde, Rosana Leite.

Além de Campo Grande, os municípios de Alcinópolis, Costa Rica, Chapadão do Sul, Cassilândia, Paranaíba, Aparecida do Taboado, Selvíria, Três Lagoas, Água Clara, Brasilândia, Inocência, Nova Andradina, Glória de Dourados e Maracaju também apresentaram casos do tipo 3.

Por que o sorotipo 3 é o que mais preocupa?
Segundo o Ministério da Saúde, o DENV-3 é considerado um dos sorotipos mais virulentos do vírus da dengue, tendo maior potencial de causar formas graves da doença.

Estudos indicam que, após a segunda infecção por qualquer sorotipo, há uma predisposição para quadros mais graves, independentemente da sequência dos sorotipos envolvidos. No entanto, os sorotipos 2 e 3 são frequentemente associados a manifestações mais severas. 

A introdução de um novo sorotipo em uma população previamente exposta a outros tipos pode levar a epidemias significativas. 

No Brasil, por exemplo, o aumento da incidência da doença entre 2000 e 2002 foi associado à introdução do DENV-3, elevando o risco de epidemias de dengue e febre hemorrágica da dengue.

O que são os sorotipos da dengue?
Sorotipos são variações do vírus que, embora pertençam à mesma espécie, possuem diferenças em sua composição antigênica. No caso da dengue, os quatro sorotipos (DENV-1, DENV-2, DENV-3 e DENV-4) são suficientemente distintos para que uma infecção por um deles não ofereça imunidade contra os outros. 

Isso significa que uma pessoa pode ser infectada até quatro vezes, uma por cada sorotipo. Além disso, infecções subsequentes por diferentes sorotipos aumentam o risco de formas mais graves da doença. 

A infecção por determinado sorotipo tem efeito protetor permanente contra aquele sorotipo especifico e efeito protetor temporário contra os outros sorotipos. 

Prevenção e cuidados
Diante da circulação dos quatro sorotipos no país, é fundamental intensificar as medidas de prevenção, especialmente no controle ao mosquito transmissor.

Manter os quintais limpos, eliminar focos de água parada, não jogar lixo em terrenos baldios, fazer o uso de repelente e colocar telas nas janelas são medidas simples, mas extremamente eficazes na prevenção.

“A dengue não escolhe vítima. O mosquito se prolifera onde há condições para isso. Se cada um fizer a sua parte, podemos evitar novos casos e proteger a população”, destacou a secretária de Saúde de Campo Grande, Rosana Leite.

Vacinação 
Além das medidas de prevenção diárias, a vacinação é uma das formas mais eficazes de proteção contra casos graves de dengue.

Segundo o último boletim epidemiológico, divulgado pela Secretaria Estadual de Saúde (SES) referente à 5ª semana do ano, 123.907 doses do imunizante contra a dengue já foram aplicadas para idade permitida na bula na população. Ao todo, Mato Grosso do Sul já recebeu do Ministério da Saúde 207.796 doses. O esquema vacinal é composto por duas doses com intervalo de três meses entre as doses.

A vacinação contra a dengue é recomendada para crianças e adolescentes entre 10 e 14 anos, 11 meses e 29 dias de idade, faixa etária que concentra o maior número de hospitalização por dengue, dentro do quadro de crianças e adolescentes de 6 a 16 anos de idade.

Atenção aos sinais e sintomas da dengue
Todo indivíduo que apresentar febre (39°C a 40°C) de início repentino e pelo menos duas das seguintes manifestações:

Dor de cabeça 
Prostração 
Dores musculares e/ou articulares 
Dor atrás dos olhos 
Deve procurar imediatamente um serviço de saúde para obter um tratamento oportuno. A detecção precoce e o tratamento adequado são fundamentais para evitar complicações. Recomenda-se também evitar a automedicação.

Boletim
Mato Grosso do Sul já registrou 1.621 casos prováveis de Dengue, sendo 554 casos confirmados, em 2025

 Estes dados foram apresentados no boletim referente à 5ª semana epidemiológica, divulgado pela SES na última sexta-feira (07). Segundo o documento, há um óbito registrado por dengue e dois em investigação.

Nos últimos 14 dias, Sete Quedas e Inocência registraram alta incidência de casos confirmados, já Pedro Gomes e Japorã registraram média incidência de casos confirmados para a doença.