Rússia escapa da proibição total nos Jogos Olímpicos, mas será submetida a maior rigor anti-doping
Relatório descreve sistema de doping praticado pela Rússia durante Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi / Foto: AFP/Getty Images

O Comitê Olímpico Internacional (COI) decidiu neste domingo delegar para cada federação esportiva a decisão sobre banir ou não de atletas russos nos Jogos Olímpicos do Rio por causa de revelações sobre doping.

A Rússia já foi excluída do atletismo, e a discussão do COI dizia respeito a permitir ou não a participação do país em outras modalidades esportivas - a menos de duas semanas antes da abertura dos Jogos.

Em sua justificativa, o COI disse que a decisão "se guiu pela regra fundamental (...) de proteger os atletas limpos e a integridade do esporte".

Além disso, a 12 dias da abertura dos Jogos, o órgão nota que não tem "tempo suficiente para realizar audiências com os atletas, autoridades e organizações afetados".

Apesar de escapar da proibição total, a delegação russa será submetida a critérios mais rigorosos anti-doping, incluindo a proibição a atletas pegos em exames anteriores de doping - mesmo se já tiverem cumprido sua punição.

O presidente do órgão, Thomas Bach, disse que o comitê elevou o padrão ao limite ao "estabelecer um número de critérios muito rigorosos aos quais todo atleta russo terá que corresponder se ele ou ela quiser participar dos Jogos Olímpicos do Rio 2016."

"Eu acho que, desta forma, equilibrados o desejo e necessidade de responsabilidade coletiva versus o direito individual à justiça de cada atleta."

O COI também confirmou que não autorizará a corredora de 800m Yulia Stepanova, que expôs esquemas sistemáticos de fraude e corrupção no atletismo russo, a competir como neutra no Rio. O comitê observou que ela própria havia usado substâncias não-autorizadas e por isso não cumpria os critérios de participação.

A Rússia diz que medidas de punição coletiva para o escândalo do doping, como barrar toda a equipe de atletismo do país, são injustas e fazem parte de uma conspiração ocidental para humilhar uma das maiores potências do mundo esportivo.

Esquema patrocinado pelo Estado

O COI já havia anunciado procedimentos disciplinares contra autoridades esportivas russas mencionadas em um relatório independente da Agência Mundial Anti-Doping.

O documento, elaborado pelo especialista legal canadense Richard McLaren, descreveu um esquema sofisticado de doping patrocinado pelo Estado russo e posterior acobertamento da prática entre 2011 e 2015 - principalmente durante os Jogos Olímpicos de Inverno em Sochi, na Rússia, em 2014.

De acordo com o relatório, o Ministério do Esporte russo "dirigiu, controlou e supervisionou" a manipulação de amostras de urina dos atletas e fraudou resultados.

Na segunda-feira, o COI disse que não vai permitir à Rússia organizar ou patrocinar eventos esportivos no país, incluindo os Jogos Europeus de 2019. Além disso, afirmou que as autoridades implicadas no relatório não serão credenciadas para participar nas Olimpíadas do Rio.