Além de não alcançar a previsão de 7,4 milhões de toneladas esperadas para este ano, a safra 2015/2016 de soja pode não chegar nem mesmo ao índice registrado no ciclo passado no Estado, que foi de 7 milhões de toneladas. Segundo a Aprosoja/MS (Associação dos Produtores de Soja de Mato Grosso do Sul), existem talhões, que são as áreas que formam uma mesma propriedade, com 100% de perda do montante de grãos colhidos devido às chuvas.
"De acordo com o presidente da Aprosoja/MS, Christiano Bortolotto, a situação é preocupante e deixa os produtores rurais em estado de alerta. "No último levantamento do Siga MS (Sistema de Informação Geográfica do Agronegócio de Mato Grosso do Sul) não constam os prejuízos gerados nos últimos dias, mas nossos técnicos estão em campo avaliando a situação atual e nos próximos dias teremos dados atualizados. O que sabemos é que existem grandes prejuízos nas lavouras", afirma.
Realidade
Neste ano houve aumento de 4,1% de área plantada, o que indica colheita superior a 7 milhões de toneladas. "No entanto, muitos produtores não estão conseguindo colher por causa da chuva constante. No sul do Estado, que representa 60% da área total de MS, apenas 57,3% da área já foi colhida. Em Ponta Porã, Dourados, Aral Moreira, Laguna Carapã, Carapó, Naviraí, Amambai, Maracaju, entre outras, muitas áreas estão alagadas e a qualidade da soja colhida não é boa", amplia Bortolotto.
Essa realidade também ameaça a produtividade do milho safrinha, que está em 37,4% da área plantada e tem período ideal de plantio muito definido. Com a demora na retirada da soja do campo, o desenvolvimento do plantio também atrasa.
De acordo com levantamento do Siga MS publicado no dia 26 de fevereiro, 38% da área já foi plantada, no entanto, o plantio ficará estacionado por causa da chuva, até que o solo esteja em condições de plantio. No comparativo com a safra anterior, nesta mesma época o plantio estava em 50% do território, o que presenta atraso de 12%.
"Se o período ideal de plantio de milho passar, essa safra certamente também será prejudicada e mais um prejuízo será adicionado ao bolso do produtor", explica o presidente.
Prejuízos
Segundo Bortolotto, na verdade o cenário já é muito preocupante. As chuvas também elevaram bastante os gastos com insumos para minimizar o aparecimento de pragas e doenças devido às altas umidades, o que faz elevar os custos de produção. Somando as chuvas à essa equação, o resultado são margens apertadas e até mesmo prejuízos.
Na região de Dourados, por exemplo, existem talhões com 100% de perda, no entanto, as porcentagens de produtos oscilam muito de acordo com a área, com o período de plantio e de colheita, além da região onde essa área está situada, se é mais alta ou mais baixa.
"Eu mesmo perdi 100% da soja de um talhão que tenho, mas ao mesmo tempo colhi acima do esperado em outros talhões que tenho aqui mesmo na região", conta o produtor Lucio Damalia, presidente do Sindicato Rural de Dourados. "De forma geral, só saberemos o resultado quando todas as áreas forem colhidas", finaliza.
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