Admitir que as coisas não aconteceram do jeito que deveriam acontecer é a principal razão por trás das melhorias da execução de um projeto. Entretanto, muitas empresas estão repletas de pessoas que tentam evitar ou encobrir esse fato. A grande questão é: por quê?
Simples, porque isso torna suas vidas desconfortáveis. As pessoas não querem abrir a caixa de Pandora. Elas querem esconder os erros ou ganhar tempo para descobrir uma solução, em vez de admitir que não têm uma resposta no momento.
O grande problema da cultura organizacional brasileira é querer evitar confrontos. Ninguém quer ser um mensageiro que leva um tiro ou um causador de problemas que desafia a autoridade de seus superiores. Ninguém quer olhar para a cara do seu chefe e dizer “chefe, acabei de fazer uma pesquisa com nossos clientes e identifiquei que aquele projeto que o Sr. realizou teve um índice de rejeição altíssimo, como iremos repassar isso para o supervisor?”
O fato é que o estilo paternalista, presente em praticamente 99% de nossas empresas familiares, impede que muitas melhorias sejam feitas simplesmente pelo fato das pessoas quererem evitar os confrontos. É muito mais fácil para todos chegar a uma reunião e apenas concordar com tudo aquilo que o dono da empresa falou do que sair apontando os defeitos que você sabe que acontece no departamento dos outros.
Ou será que sou só eu que participo de reuniões desse tipo?
Quase sempre as pessoas responsáveis por um projeto preferem negar sua realidade. Quando realizo uma reunião pós-projeto, por exemplo, sempre peço para que as pessoas descrevam quais foram os acertos e quais foram os erros em sua realização. Geralmente elas descrevem os acertos muito bem, mas não são tão bons para identificar os erros.
E quando eu pergunto o que elas pretendem fazer em relação aos erros, a resposta raramente é clara ou coerente. Elas dizem “pretendo trabalhar duro para que no próximo projeto as coisas melhorem”.
Bem, é claro que temos de trabalhar duro para as coisas melhorarem, a questão é COMO fazer isso. E pior ainda, o como muitas vezes envolve ter que confrontar outras pessoas que estão presentes na reunião.
É chocante ver como muitas pessoas não querem enfrentar os problemas de forma realista. Não se sentem à vontade fazendo isso. Esse problema vem desde os tempos da Faculdade, quando um grupo de alunos, em meio a um seminário de apresentações, combina com o outro “eu não faço perguntas difíceis para vocês e vocês não fazem para nós, ok?”.
E como fazer do realismo uma prioridade na empresa? Antes de tudo, comece por ser realista. Se você é o líder, dê o exemplo, incentive a sua equipe a expor seus pensamentos e não condene ninguém. Após os devidos esclarecimentos, certifique-se de que o realismo irá permear por todo o dialogo na organização.
Mas será que você está preparado para agir assim? Será que você está preparado para questionar pessoas hierarquicamente superiores a você?
Tomara que sim, porque nenhuma organização cresce quando as pessoas que nela trabalham preferem se esconder por trás de alguma máscara visando dar uma de Bom Samaritano.
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