Estes foram os principais temas discutidos pela cadeia produtiva da canola durante o 1º Simpósio de Articulação Embrapa Trigo e Abrascanola, realizado no dia 3 de dezembro, em Passo Fundo, RS.
A elevação do rendimento médio de grãos da canola no Sul do Brasil depende de pesquisas, vencendo desafios na adaptação genética e melhor tolerância da cultura à alta variabilidade climática.
Estes foram os principais temas discutidos pela cadeia produtiva da canola durante o 1º Simpósio de Articulação Embrapa Trigo e Abrascanola, realizado no dia 3 de dezembro, em Passo Fundo, RS.
No Brasil, a cultura pode integrar diferentes sistemas de produção de grãos, contando com zoneamento agrícola para a Região Sul, principal região produtora de canola, bem como para os estados de São Paulo, Mato Grosso do Sul e Goiás.
O cultivo da canola também conta com diversos atrativos como: o valor pago pelos grãos de canola acompanha o preço da soja-balcão, historicamente atrativo para os produtores; a cultura é semeada no outono/inverno nas regiões frias ou como safrinha nas demais regiões, de modo que permite o aumento da densidade de produção de óleos vegetais no Brasil e não interfere na área de cultivo da principal oleaginosa produtora de óleo no País, a soja.
Entretanto, apesar destas potencialidades, a área média cultivada com canola nos últimos cinco anos foi de 46 mil hectares, o que resulta em reduzida oferta de grãos, com implicações na viabilidade dos custos operacionais das indústrias de óleo e biodiesel, com reflexos na oferta regular do farelo, e comprometimento de toda a cadeia de produtos, formação de preço e de canais de comercialização estáveis.
Tal cenário gera insegurança para o produtor, na tomada de decisão para o cultivo da canola.
No campo, o maior entrave para a cultura é o baixo rendimento médio de grãos, que nos últimos cinco anos foi de 1.148 kg/ha, valores muito abaixo do potencial genético de rendimento de grãos dos genótipos em uso, atualmente, superiores a 3.500 kg/ha.
Existe alta variabilidade no rendimento de grãos nas diferentes regiões do Brasil e entre produtores dentro de uma mesma região, sendo que, alguns produtores da Região Sul obtêm rendimentos de grãos na faixa de 1.800 a 2.000 kg/ha.
Entre os principais entraves para o crescimento da canola do Brasil, apontados pelos participantes do Simpósio, está a necessidade de mais pesquisas sobre as respostas dos genótipos introduzidos no País quanto à variabilidade do clima nos diversos ambientes produtivos, bem como a ausência de programas de melhoramento e a produção de sementes no Brasil.
De acordo com o pesquisador da Embrapa Trigo, Jorge Alberto de Gouvêa, a expansão da área de canola no Brasil depende da elevação do rendimento de grãos da canola, atualmente limitada com médias em torno de 1300 kg/ha (safra 2018), valores estes, muito abaixo do potencial de rendimento de grãos dos genótipos em uso atualmente.
Para ele, a resolução desta limitação passa pela pesquisa focada no estudo do melhor posicionamento dos genótipos, em cada sistema de produção de grãos, nos diferentes ambientes produtivos.
"A cultura da canola tem pleno potencial de complementar a produção de óleos vegetais no Brasil e suprir as demandas futuras deste valioso mercado nacional e internacional", avalia Gouvêa.
Para os pesquisadores da Embrapa Agroenergia, Bruno Laviola e Alexandre Cardoso, a maior fragilidade da cultura da canola é que, na prática, quase a totalidade do seu cultivo ocorre com base na importação de sementes.
Segundo eles, para que ocorra a expansão da cultura da canola, de modo consistente e de longo prazo, é fundamental o desenvolvimento de genótipos de canola nas condições edafoclimáticas nacionais e a produção das sementes no Brasil.
Em parceria com a Embrapa Trigo, estão em andamento projetos de pesquisa para a caracterização do germoplasma de canola junto com ações voltadas à maior diversidade de material genético disponível no Brasil.
As condições climáticas tem sido um dos maiores problemas da adaptação da canola no clima subtropical brasileiro.
Eventos como excesso de chuva na semeadura ou na colheita, estiagem no período vegetativo e geada durante o florescimento são responsáveis pela frustração de inúmeras safras, especialmente na Região Sul.
Conforme o pesquisador da Embrapa Trigo, Genei Dalmago, estão em andamento pesquisas que buscam compreender melhor o processo de interação genótipo-ambiente capaz de estabelecer lavouras canolas com menor impacto das adversidades climáticas, relacionado melhoramento genético e manejo nas lavouras.
"Reunimos a cadeia produtiva com a pesquisa em busca de alternativas capazes de viabilizar o crescimento da canola no Brasil, com segurança ao produtor e oferta regular de produto à indústria.
É importante um olhar mais amplo nos problemas para direcionar ações para resultados efetivos", conclui o Presidente da Abrascanola, Vantuir Scaranti.
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