Cansados de aguardar até cinco horas por atendimento médico no CRS (Centro Regional de Saúde) do Bairro Moreninhas III, moradores da região esperam que a precariedade da rede municipal de saúde do bairro seja resolvida com a inauguração da UPA 24 horas (Unidade de Pronto Atendimento), que deve acontecer na próxima quinta-feira (11), como anunciado pelo prefeito Alcides Bernal (PP), durante abertura dos trabalhos do legislativo municipal esta semana.
Um dos bairros mais populosos da Capital, com cerca de 80 mil moradores, a região das Moreninhas vem observando um progresso constante nos últimos anos, com um comércio fortalecido e inauguração de agências bancárias.
Toda essa infraestrutura permite que os moradores realizem a maioria de suas atividades comerciais e até profissionais no próprio bairro, sem a necessidade de se deslocarem à região central.
No entanto, a oferta de serviço público de saúde não evoluiu, tanto que a única unidade de saúde está sobrecarregada e não suporta mais a demanda da população das Moreninhas. Em um prédio visivelmente sem manutenção, que há pelo menos dez anos não passa por reformas, pacientes chegam a ficar cinco horas à espera de atendimento, quando conseguem.
A precariedade da unidade assusta quem chega pela primeira vez. A pintura está desgastada e a cobertura externa apresenta mofo em grande parte do telhado. Em bancos de madeira, alguns improvisados, a população espera por atendimento praticamente à mercê do mau tempo, já que a cobertura não protege de forma adequada quem fica do lado de fora da unidade, aguardando ser chamado.
A situação é mais complicada nos dois únicos dias da semana reservados para a marcação de consultas. "É um absurdo ver idosos e mulheres com crianças chegarem de madrugada para garantir um agendamento. A fila quase dá volta no quarteirão", revela o aposentado Vanderlei Rodrigues Pimenta.
Ao ver a movimentação de servidores e funcionários de empresa terceirizadas na UPA, ele espera que a nova unidade de saúde resolva o problema das longas filas e espera. "Não adianta inaugurar prédio e não colocar funcionários suficientes", diz.
Quem também observava atentamente os trabalhos na UPA 24 horas era o armador Aílton dos Santos, que lamenta o fato do prédio ter ficado abandonado por quase quatro anos, o que rendeu uma série de pichações e sua fachada devido a falta de vigias. "Quando terminaram o prédio teve segurança por um ano, mas depois ficou abandonado. Um desperdício de dinheiro público", protesta.
A sua esperança é que o bairro, a partir da próxima semana, de fato possa contar com um atendimento 24 horas na área de saúde. "O posto que a gente tem aqui deveria funcionar integral, mas nunca tem médico no final de semana. Já fiquei das 7 da noite até meia-noite e fui embora sem a receita que precisava", diz.
Ele afirma que o maior agravante do posto é receber moradores de outras regiões da cidade, que devido a falta ou superlotação em outras unidades, acaba indo até às Moreninhas.
Foi o que fez na tarde desta quinta-feira (4), o casal Keipson Carlos da Silva e Cintia de Souza Rodrigues, que buscou o CRS devido aos sintomas de dengue de Keipson, que trabalha como repositor. "Às vezes venho aqui porque minha mãe mora no bairro, mas o atendimento é precário. Espero que melhore com essa nova UPA", ressalta o repositor.
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