Seis meses após o acidente aéreo que matou o então candidato à presidência da República, Eduardo Campos (PSB), e outras seis pessoas, em Santos, no litoral de São Paulo, o dono da academia que fica na área atingida afirmou que o momento é de 'reconstrução'. Em entrevista ao G1, Benedito Juarez Câmara, de 69 anos, mesmo sem receber indenização, demonstrou esperança em retornar pelo menos as atividades de musculação no local ainda este ano. Boa parte dos reparos no andar de cima da unidade já foram feitos, no entanto, as três piscinas seguem com problemas.
O cenário interno da Academia Mahatma, que fica na rua Alexandre Herculano, no bairro do Boqueirão, está bem diferente da última vez que a reportagem visitou o local, em setembro do ano passado, um mês após o acidente. Na época, ainda era possível notar muita sujeira e aparelhos quebrados. Cinco meses depois, a situação parece ter mudado para melhor, tanto visualmente, quanto nas palavras de esperança do proprietário.
Os prejuízos ainda existem e, segundo cálculos feitos na época do acidente, passavam de R$ 1 milhão. Segundo Juarez, apesar da morosidade, foi possível progredir na reforma do espaço. “Já refiz toda a lateral da sala de musculação, o forro e as calhas que ficaram bem prejudicados e agora estão novas. Falta agora a pintura e a troca do piso nessa parte de cima que deve levar mais alguns meses, mas eu acho que é possível reabrirmos pelo menos uma parte”, afirma.
Até o dia do acidente, em 13 de agosto do ano passado, 800 alunos estavam matriculados na academia. Para conseguir pagar as despesas posteriores, e também os funcionários, foi necessário transferir cerca de 1/4 dos alunos para uma sala adaptada no colégio Stella Maris. "Essas pequenas coisas que consegui foi tudo com relação de confiança. Tenho um nome a zelar, são 40 anos de empresa. O meu futuro é agora e vou dar a volta por cima", reforça.
Já em relação às três piscinas que ficam no térreo da academia, a situação é mais delicada. De acordo com o proprietário, ainda não será possível arcar financeiramente com os custos da reforma. “É muito caro pra manter uma piscina funcionando. Você imagina ela toda quebrada do jeito que está. Não posso deixar de lado, então alguns funcionários estão fazendo a manutenção, jogando produtos pra evitar criadouros de dengue, retirando os azulejos quebrados e retocando o que é possível”.
Academia atingida por destroços do Cessna 560XL teve equipamentos destruídos.
Sem acordo
Mesmo sem receber nenhum tipo de indenização por parte dos proprietários do jato Cesnna, Juarez disse que contou com o apoio da prefeitura e de amigos para ‘tocar o barco’ ao longo dos últimos meses. “A Defesa Civil ajudou com a retirada de pelo menos seis caçambas de entulho daqui, além da isenção de IPTU que a prefeitura nos deu por um ano. Essas coisas somadas amenizam um pouco. Também recuperei algumas economias e contei com a colaboração de muitos amigos que mandaram sacos de cimento, facilitaram o pagamento de algumas coisas e aos poucos estou tocando”, revela.
Juarez conta que foi procurado por advogados que representam os empresários donos da aeronave, mas não houve um acordo. “Eu tenho um laudo técnico contratato por mim para assegurar o que eu tinha aqui dentro e como ficou a situação depois do acidente. Eu só quero equipamentos e materiais da mesma qualidade ou semelhantes aos que tinha antes do acidente. Alguém tem que se responsabilizar”, destaca.
O advogado Carlos Gonçalves Junior, do escritório que representa os empresários pernambucanos, confirmou que um sócio procurou o dono da academia, no entanto, houve 'resistência' para uma negociação. "Ele (Juarez) nomeou um advogado como interlocutor e queria que assinássemos um documento dizendo que nosso cliente era responsável pelo acidente e pagaria as despesas. Ainda não se sabe quem foi responsável. Nosso perito nem conseguiu avaliar nada", contesta.
Já em relação às demais famílias e comerciantes que tiveram prejuízos com a queda do avião, o advogado informa que não tem encontrado problemas. "Infelizmente o da academia é um caso a parte, mas estamos prontos para retomar as negociações. Nós queremos antecipar um possível prejuízo, como estamos fazendo com todas as famílias, seja extrajudicionalmente ou até mesmo em casos que a Justiça foi acionada para laudos. Sabemos que há prejuízos e o meu cliente não se nega a pagar", finaliza.
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